sábado, 23 de julho de 2011

O Rio

Em criança eu tinha uma grande preocupação: Não desanimar ante as dificuldades que se me apresentavam.
Mas queria vencê-las fosse como fosse. A ferro e fogo.
Como sem sempre os meus métodos violentos tivessem êxito, eu mergulhava em pranto.
Debalde, por diversas vezes, meu avô procurara me aconselhar, mostrando-me o erro em que eu incidia.
Um dia estavámos, eu e ele, sentados à margem de um pequeno rio e, em um hiato da nossa conversação, enquanto olhávamos a clara correnteza que deslizava, ele se voltou para mim e disse:
- Minha filha, repara bem este riacho. Veja: o seu ideal é correr. Correr até onde possa descansar as suas águas. Mas seu curso nem sempre é tranquilo. Observe, não são poucos os obstáculos que ele encontra: pedras, elevações do terreno, troncos, galhos de árvores. Todavia, ele não se detém. Mas, também, não se atira, cegamente, contra as barreiras. Pelo contrário, procura, antes, verificar se pode vencê-las. Não sendo possível, contorna-as e segue sua jornada com a mesma serenidade. É assim que você, na vida, deve proceder para vencer os obstáculos e prosseguir em paz.
Estas palavras sensatas de meu avô calaram-me profundamente no espírito.
E ainda hoje me valho, sempre com êxito, nos momentos difíceis, dessa sua lição...


Faze da infância que te segue o exemplo
O sublime alicerce do amor puro,
Em que possas construir o Lar e o
Templo do Divino Futuro...
                               Carmem Cinira



Livro: "E, para o resto da vida... "
Contos que tocam o coração (Wallace Leal V. Rodrigues)

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